Retratos Imorais

Apresentação: 03/04 (sábado), às 19h

“Retratos  Imorais”, foi estreado em Fafe – Portugal em 2018 desde então já realizou apresentações nas cidades Brasileiras de Salvador e Campina Grande e nas cidades Portuguesas de Freixo de Espada á Cinta, Guimarães e Évora. É atuado pelo intérprete João Guisande (premiado na categoria Ator do Prêmio Braskem 2018)  e dirigido por Moncho Rodriguez. A encenação, que se constrói de forma lírica, irônica e bem-humorada, se constitui de uma adaptação cênica de dois diferentes textos narrativos do autor cearense  Ronaldo Correia de Brito, os contos “Mãe em Fuligem de Candeeiro” e “Mãe numa Ilha deserta”.

Edmundo e Marivaldo são personagens desses Retratos Imorais, são opostos cada um com a sua história. Eles compartilham em cena uma solidão conhecida por muitos  moradores de ilhas desertas e paisagens de aglomerados. Personagens totalmente opostas, dois homens desconhecidos, diferentes, cada um com a sua história. Aos poucos, concluímos que existe algo de absurdo que os aproxima: a solidão, a vontade de viver e de inventarem suas vidas. Os dois monólogos se unem num só espetáculo pelo fio invisível da poética nos avessos de duas almas, propositadamente abandonadas, no universo do absurdo da solidão humana.

 Edmundo, personagem da primeira história, aceitou o “emprego” de faroleiro numa ilha depois de uma desilusão amorosa. Revive o drama da afetividade, da masculinidade, do ser ou não aceito. Edmundo tem por obrigação acender um farol que deve guiar navegantes desconhecidos. Põe luz nas trevas, tenta clarear o escuro de si mesmo e dos outros. São retratos de contradições, opostos inexplicados, resíduos de marés, tempestades e anoiteceres.

Marivaldo, personagem da segunda história, é feminino. Tem a alma delicada tocada pelas memórias absurdas da mãe, que morreu em um acidente de carro quando ele era criança. Marivaldo nutre um sentimento de culpa pela morte da mãe e vive atormentado variando entre lembranças e alucinações. Procura o seu encontro na pintura de retratos em fuligem de candeeiro.

Edmundo e Marivaldo fazem parte de duas histórias inventadas para dois homens que nunca existiram. Inexistentes, eles permanecem no imaginário de homens que sempre existiram. Os que assistem espreitam ou, simplesmente, se deixam seduzir pelas imagens reveladas.“Partilhamos solidões preenchidas por vazios e imagens reinventadas em intervalos poéticos. Devaneios. Buracos invisíveis da nossa imaginação. Nesses lugares obscuros estamos sozinhos, pelo avesso, no abandono do abandono.

Um território abstrato que se estende no corpo físico do ator, nos seus músculos, na sua pele, no trilhão dos seus poros. O solo propõe um cenário de sombras e luz, vazio, limitado na fronteira do imaginário de cada espectador cujos horizontes são indicados nos gestos do ator/personagem, amplificados pela sensação marítima de uma ilha absolutamente deserta. O Publico ao fruir os retratos dos personagens, lhes roubam a identidade ou os deixam anônimos. Reinventam suas almas e partilham solidões preenchidas por vazios e imagens reinventadas em intervalos cênicos poéticos, conduzidos com maestria pelas múltiplas facetas atualizadas em cena por João Guisande.

Ficha técnica

DIREÇÃO: Moncho Rodriguez

TEXTO: Ronaldo Correia de Brito

INTERPRETAÇÃO: João Guisande

CENÁRIO E FIGURINO: Moncho Rodriguez e João Guisande

ILUMINAÇÃO: Allison de Sá

DESIGN GRÁFICO: Henrique Miranda

PRODUÇÃO: Fernanda Beltrão e João Guisande